Estiva
Gerbi e Pedra Bela estão entre as 10 piores cidades de ranking ambiental
paulista
Programa Município Verde e
Azul, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, estabelece metas como
sustentabilidade, tratamento de esgoto, arborização e qualidade do ar
Por Por Carlos
Alciati Neto, G1 Campinas e Região
06/01/2018 19h29 Atualizado 06/01/2018 19h57
Pedra Bela tem a segunda pior avaliação
ambiental do estado de São Paulo
Duas cidades da
Região de Campinas (SP), Estiva Gerbi (SP) e Pedra Bela (SP), estão entre as
dez piores no ranking ambiental publicado pelo Programa Município Verde Azul de
2017, promovido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Divulgado no fim do
ano, o ranking analisa tarefas que os municípios devem cumprir envolvendo
sustentabilidade, qualidade do ar, preservação de bacias hidrográficas e
formação de conselhos e grupos para atuar em defesa do Meio Ambiente local.
Entre os
critérios avaliados estão Arborização Urbana; Biodiversidade; Conselho
Ambiental; Esgoto Tratado; Estrutura e Educação Ambiental; Gestão de Águas;
Município Sustentável; Qualidade do Ar; Resíduos Sólidos e Uso do Solo. Chama
atenção, no caso de Pedra Bela, conhecida por belezas naturais e uma vasta
flora, ter zerado nos critérios Qualidade do Ar e Arborização Urbana. Estiva
Gerbi também zerou em arborização urbana.
Rua no Centro da cidade de Pedra Bela
sem árvores (Foto: Carlos Alciati Neto/G1)
Basta vontade, diz coordenador
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A bióloga Flávia Balderi (à dir.)
acompanha a preservação da Mata Atlântica na região (Foto: Carlos Alciati
Neto/G1)
De acordo com o
coordenador do programa estadual, José Walter Figueiredo Silva, o tamanho da
cidade e custos para participar do projeto não justificam o desempenho ruim na
listagem. “O programa Verde e Azul não implica em custo, é vontade política.
Claro, vez ou outra, é preciso investir em alguma medida para resolver um
problema. Mas qualquer município pode tirar nota 80, basta ter vontade,
envolvimento e discernimento”, ponderou o coordenador. Entre as cidades que
lideram a lista estão a campeã Novo Horizonte e a terceira colocada
Pederneiras, ambas com cerca de 40 mil habitantes.
De acordo com
ele, a pasta organiza capacitações para os municípios todas as quartas em sedes
regionais e também na capital. E para melhorar no ranking, cada cidade precisa
se atentar para itens básicos como saneamento. “[A administração deve] olhar
para o esgoto, para o lixo, para as árvores. Pedimos coisas simples, aqueles
que se aprofundam, ficam entre os primeiros”, alertou.
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Biólogas da Associação Ambiental
Copaíba monitoram área reflorestada (à esq. em verde claro) (Foto: Carlos
Alciati Neto/G1)
Para Flávia
Balderi, bióloga e secretária executiva da ONG Associação Ambientalista
Copaíba, que atua na conservação e restauração da Mata Atlântica das bacias dos
rios Peixe e Camanducaia, um pouco de empenho e trabalho pode tirar a cidade da
rabeira do ranking. "É preciso levar a sério as questões ambientais,
priorizar o meio ambiente, estruturar melhor a cidade para reverter a
situação", disse a bióloga. A associação informou que está à disposição da
prefeitura para ajudar com orientação e plantio de mudas adequadas para a área
urbana.
Sobre o ar da
cidade ter tido uma nota muito ruim, emsmo sendo cercada por área verde na
parte rural, a bióloga atribuiu às constantes queimadas. "É necessário
fazer ações preventivas, trabalhos de coscientização, leis para punir as
queimadas criminosas e criar uma brigada de incêndio. Já seria um bom avanço
para a cidade na questão da qualidade do ar", explica.

Cidade de Pedra Bela tem cerca de 6 mil
habitantes, mas carece de boas ações para o Meio Ambiente, diz Secretaria
(Foto: Carlos Alciati Neto/G1)
Estação de Tratamento de Esgoto inexiste
O tratamento do
esgoto é outro ponto fraco da cidade de Pedra Bela. De acordo com a presidente
do Legislativo local, a vereadora Maria Jerusa Ferreira (PV), a cidade ainda
não renovou o contrato com a Sabesp e a construção de uma estação de tratamento
do esgoto ainda está no papel. “A prefeitura diz que é prioridade a assinatura
de contrato e, com isso, a implantação de [uma estação de] tratamento de
esgoto. A gente cobra o Executivo, mas também vê a realidade financeira da
cidade, que não é das melhores”, pondera Jerusa.
No entanto, de
acordo com o coordenador, a estação de tratamento interfere em 3 ou 4% da nota,
ele pode ter feito outras coisas que reflitam na nota, prejudica e limita, não
ao ponto de ficar entre as últimas.
Em
contrapartida, na área rural, alguns produtores e fazendeiros aderiram ao
programa da ONG Copaíba e reflorestaram cerca de dez hectares, ao todo, de mata
nativa. É o caso de Fernando Palazzi, administrador da Fazenda Santa Márcia,
que reflorestou oito hectares com cerca de 12 mil mudas de árvores plantadas.
"Se cada produtor ouvir o que os pesquisadores têm a dizer, o trabalho não
muda em nada e vamos preservar o Meio Ambiente", declarou.
Fernando Palazzi, administrador de uma
das fazendas da área rural de Pedra Bela, que dá bom exemplo (Foto: Carlos
Alciati Neto/G1)
Outro lado
A prefeitura de
Pedra Bela, por meio de nota, atribui a um erro de transição de informações com
a administração anterior o fato de a cidade estar tão mal colocada. Alega
também que, como o ranking avalia dados de outubro a outubro, não teve como
melhorar a nota da cidade, mesmo ela tendo caído para zero nos últimos quatro
meses de avaliação da Secretaria Estadual, corridos até outubro de 2017.
A prefeitura
disse que já recebeu "o material necessário para a adesão e nomeação dos
interlocutores para desenvolver o programa no município, atendendo
integralmente os objetos do mesmo". Sobre o contrato com a Sabesp, a
Administração informou que venceu em 2010, e que tenta formalizar o acordo para
a construção da Estação de Tratamento de Esgoto "o mais breve
possível".
A prefeitura de
Estiva Gerbi, por meio da assessoria de imprensa, está ciente da má colocação e
avisa que está tomando medidas para reverter o quadro. A administração alega
que, sobre a arborização urbana, alguns moradores teriam feito cortes indevidos
de árvores urbanas e que trabalha junto com o Legislativo para criar uma lei
que obrigue o replantio em caso flagrante.
Sobre o
tratamento de esgoto, admite que a estação ainda não foi concluída por causa do
terreno adquirido, que possui minério no subsolo, o que inviabiliza a obra.
Explica que a compra do local, por R$ 300 mil, foi feita pela administração
passada.
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