Por trás dos doodles comemorativos do Google na Copa do Mundo
Ryan Germick não é muito fã de futebol. Mas desde a última quarta-feira, véspera da abertura da Copa do Mundo, ele pensa no esporte praticamente 24 horas por dia. Ryan é capitão do time de ilustradores e programadores responsáveis pelos doodles, aqueles desenhos que substituem o logo no Google em datas comemorativas. Ele e outros dois artistas da equipe saíram pela primeira vez da sede do Google na Califórnia para criar doodles aqui no Brasil, em tempo real.
O trio trabalha todos os dias numa sala na sede do Google em São Paulo, preparada especialmente para a Copa do Mundo. Bandeiras, fotografias, ilustrações e até luvas de goleiro ajudam os artistas a entrarem no clima. Na parede, três monitores transmitem a cobertura completa da maior competição de futebol do mundo: hashtags e posts nas redes sociais, comentários, fotos, vídeos e, claro, os jogos. Tem até uma varandinha onde fica uma rede com três almofadas com as cores do Brasil. “Assim que o próximo Doodle for ao ar, vou usá-la”, diz Matt Cruickshank, que completa o time, junto com Leon Hong. No momento em que conversamos, Matt trabalhava no Doodle que anunciava o jogo entre Espanha e Chile, que rolou na tarde desta quarta-feira (18).
Mas o descanso tem que ser rápido. A rotina de trabalho da equipe inclui sair da sala, assistir aos jogos em bares, andar pela cidade e buscar inspiração nas ruas pintadas de verde e amarelo. “A Copa do Mundo tem mais a ver com a união entre as pessoas do que com o esporte em si”, diz Germick, que nasceu nos EUA. “Nós tentamos incluir todo mundo nessa atmosfera de festividade, até mesmo quem não gosta de futebol”.
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Além da Copa
Um doodle comum, sem animação, normalmente leva uma semana para ficar pronto. Mas o tempo de trabalho varia tanto quanto os temas. Os mais complexos, como os que homenagearam Charlie Chaplin, Les Paul ou PacMan, são planejados com três meses de antecedência. A equipe usa o tempo para fazer pesquisas conceituais, reunir referências e trabalhar em rascunhos que podem ser descartados ao longo do processo. Também acontece de um doodle ficar anos no forno. Foi o caso da animação jogável em 3D publicada no aniversário do Cubo de Rubik. Ryan conta que, quando a ideia surgiu, a tecnologia para criar a animação não era tão boa quanto hoje, e provavelmente o resultado não ficaria tão bom.
“Queremos manter o equilíbrio entre mostrar temas que as pessoas reconheçam de cara e temas sobre os quais elas não dominem”, diz Ryan. Nessa etapa do processo, o desafio é manter as ilustrações autênticas e não ofensivas. Quando precisaram entender as teorias de Max Planck, pediram ajuda a um engenheiro do Google que entendia mais de física do que qualquer um do time de ilustradores. Se forem falar de Carnaval do Rio ou do Dia Nacional da Dinamarca, sempre conversam antes com um brasileiro ou um dinamarquês. “Cada integrante da equipe tem uma história de vida diferente. Mas todos têm algo em comum: vontade de se comunicar com o mundo inteiro por meio das ilustrações”, diz Ryan.
Veja uma galeria com todos os doodles especiais
Se essa é a intenção, está dando certo. Mais de 2 mil doodles já foram publicados no mundo todo. Cada um tem uma história, algumas mais divertidas que outras. “Uma vez, uma funcionária do Google que participou das Olimpíadas de Londres em 2012 viu nosso doodle sobre os jogos e agradeceu, porque achava que tínhamos nos inspirado nela para a ilustração”, diz Ryan. A equipe gosta de ver as reações do público. Segundo Ryan, a maior parte das mensagens enviadas para o time são positivas. Mas eles também encorajam críticas e principalmente sugestões para novos doodles. Quer tentar emplacar um? Manda um e-mail para proposals@google.com. Quem sabe você não ganha um doodle comemorativo personalizado no seu aniversário.
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