Silêncio Alviverde: será o fim do Mandi?
Foram várias e várias tentativas de saber o que de fato está acontecendo com o Clube Atlético Guaçuano, o Mandi. O time não existe mais. Sem jogadores, sem estádio, sem diretoria, sem equipe técnica, o que restou para o Mandi foi seu patrimônio mais valioso: a torcida alviverde.
Em busca de informações sobre o Mandi, a Gazetainiciou uma série de conversas. Ora com um, ora com outro até que um dos conselheiros do clube, Amarildo Donizete Constantino, admitiu para a Gazeta que realmente não há mais ninguém atuando no Guaçuano. “Mas não sei dizer ao certo o que aconteceu. Até fizemos algumas reuniões para tentar reerguer o time no ano que vem, só que não surtiu nenhum resultado”.
Sem ninguém oficialmente para falar sobre o Clube Atlético Guaçuano, a torcida agora está no vácuo torcendo unicamente por um desfecho feliz para o clube: que ele volte a ser a grande alegria de Mogi Guaçu.
MANDI: RAIO-X
Sem diretoria, com dívidas, sem estádio e falta de documentações
Quem olha no site oficial da FPF (Federação Paulista de Futebol – www.futebolpaulista.com.br) se depara com o nome de Paulo César Sabino da Silva como presidente do Clube Atlético Guaçuano. Mas, na realidade, ele configura como sendo o último presidente do Mandi, já que seu mandato expirou no dia 10 de outubro de 2016. De lá para cá, o presidente do clube é Israel Lanza, o Timba. Porém, um detalhe de suma importância pode colocar em dúvida a legalidade de seu mandato: a ata da eleição que deu a Lanza o título de presidente do Mandi. Para que seu mandato seja de fato válido e legal, esta ata precisa estar registrada em Cartório. A Gazeta não conseguiu confirmar se há este registro, justamente porque ninguém quer responder oficialmente pelo Mandi. A reportagem ligou insistentemente no número de celular que pertence à Lanza durante vários dias e não houve retorno das ligações. O mesmo aconteceu quando a reportagem tentou falar sobre o assunto com Paulo Sabino.
O Departamento Jurídico da Federação Paulista de Futebol informou à Gazeta que o nome de Israel Lanza nunca configurou como presidente do Atlético Guaçuano. A ata da última eleição feita pelo clube também não foi entregue à Federação. Portanto, há várias documentações exigidas pela FPF que estão pendentes complicando a situação jurídica do Mandi junto à Federação. “Sem a entrega da ata da eleição, a Federação Paulista somente vai reconhecer Lanza como presidente do clube se nos for entregue o registro da ata em Cartório, o que ainda não foi feito pela direção do Mandi”, explicou um dos advogados.
E o que fazer se o Atlético Guaçuano não tem mais diretoria? Se a presidência de Lanza corre o risco de ser considerada ‘fantasma’ por falta de registro em Cartório? Se o clube sequer tem um presidente? Estas perguntas seguem sem respostas. “O Mandi segue filiado à Federação Paulista, mas todas as pendências do clube precisam ser resolvidas o quanto antes porque já está indo para o terceiro ano de irregularidades. Caso alcance cinco anos nessa situação, o risco da desfiliação se torna inevitável”, frisou o departamento de filiação da Federação Paulista.
Outra informação que a Gazeta buscou junto à Federação é sobre a dívida do Mandi. Quanto o clube deve ao todo para a FPF? “Estes números podemos informar somente ao presidente do clube por meio de ofício”, justificou o departamento.
A Gazeta apurou que o Mandi deve o pagamento de duas taxas de filiação: uma referente ao ano de 2016 e outra ao ano de 2017. “Isso mesmo. Não houve estes pagamentos e também não temos nenhum atleta do clube cadastrado na Federação Paulista de Futebol”, confirmou o advogado.
De acordo com a apuração da reportagem junto à própria Federação Paulista, as duas taxas de filiação – que significam a renovação anual – somam um valor aproximado de R$ 20 mil em débitos.
TRAJETÓRIA
Da glória a agonia
Fundado em 26 de fevereiro de 1929, o Clube Atlético Guaçuano segue firme e forte na preferência de milhares de torcedores de Mogi Guaçu. Quem acompanhou toda a trajetória do Mandi tem bem vivo na memória as vitórias conquistadas pelo time alviverde e as grandes oportunidades alcançadas pelo time. A última delas foi em maio de 2012, quando o Guaçuano enfrentou o Marília no estádio do Camacho – lotado – valendo o acesso à Série A-2 do Paulistão. O time não conseguiu vencer o jogo, mas fortaleceu sua vontade de continuar brilhando dentro das quatro linhas.
Ao se manter na Série A-3 do Campeonato Paulista, em 2014, o Mandi ficou em último lugar (na 20ª colocação) na tabela de classificação. De lá para cá, o clube não conseguiu mais se reerguer. Sem futebol de base e perdendo os jogadores profissionais que atuavam no profissional do time, o Mandi foi aos poucos agonizando e agora se encontra praticamente sem vida.
Um grupo de torcedores intitulado G.A.M. (Grupo Amigos do Mandi) tenta manter acesa a luz do clube. Este ano, o grupo fez um jogo amistoso com ex-jogadores do Guaçuano em comemoração aos 25 anos de acesso do time à Série A do Paulistão. O evento foi um sucesso marcado, principalmente, pelo entusiasmo da torcida que vibrou ao ver o time novamente em campo. Diante do fim do Mandi, representantes do G.A.M. preferiram não se manifestar por enquanto e aguardam o desenrolar dos fatos.
Na Prefeitura de Mogi Guaçu, o secretário de Obras e Viação, Salvador Franceli, afirmou que há muito tempo não é mais procurado pelo então presidente do Mandi, Israel Lanza. Isso porque, o estádio municipal do Camacho precisa passar por reformas de adequação em suas arquibancadas para que possa estar de acordo com as normas exigidas pela Federação Paulista de Futebol, a fim de receber a torcida quando os jogos forem válidos pelo Campeonato Paulista. “Essa reforma está parada há vários meses. Nunca mais conversei com o Lanza e nem com ninguém que se diga representante do Mandi. A única reforma que a Prefeitura concluiu foi na laje da marquise, que fica na arquibancada de concreto. Essa reforma foi exigida pelo Ministério Público local”, explicou Franceli.
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