sábado, 20 de janeiro de 2018

Estiva Gerbi e Pedra Bela estão entre as 10 piores cidades de ranking ambiental paulista

Estiva Gerbi e Pedra Bela estão entre as 10 piores cidades de ranking ambiental paulista

Programa Município Verde e Azul, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, estabelece metas como sustentabilidade, tratamento de esgoto, arborização e qualidade do ar

Por Por Carlos Alciati Neto, G1 Campinas e Região
 
Pedra Bela tem a segunda pior avaliação ambiental do estado de São Paulo
Duas cidades da Região de Campinas (SP), Estiva Gerbi (SP) e Pedra Bela (SP), estão entre as dez piores no ranking ambiental publicado pelo Programa Município Verde Azul de 2017, promovido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Divulgado no fim do ano, o ranking analisa tarefas que os municípios devem cumprir envolvendo sustentabilidade, qualidade do ar, preservação de bacias hidrográficas e formação de conselhos e grupos para atuar em defesa do Meio Ambiente local.
Entre os critérios avaliados estão Arborização Urbana; Biodiversidade; Conselho Ambiental; Esgoto Tratado; Estrutura e Educação Ambiental; Gestão de Águas; Município Sustentável; Qualidade do Ar; Resíduos Sólidos e Uso do Solo. Chama atenção, no caso de Pedra Bela, conhecida por belezas naturais e uma vasta flora, ter zerado nos critérios Qualidade do Ar e Arborização Urbana. Estiva Gerbi também zerou em arborização urbana.
Rua no Centro da cidade de Pedra Bela sem árvores (Foto: Carlos Alciati Neto/G1)Rua no Centro da cidade de Pedra Bela sem árvores (Foto: Carlos Alciati Neto/G1)
Rua no Centro da cidade de Pedra Bela sem árvores (Foto: Carlos Alciati Neto/G1)

Basta vontade, diz coordenador

A bióloga Flávia Balderi (à dir.) acompanha a preservação da Mata Atlântica na região (Foto: Carlos Alciati Neto/G1)A bióloga Flávia Balderi (à dir.) acompanha a preservação da Mata Atlântica na região (Foto: Carlos Alciati Neto/G1)
A bióloga Flávia Balderi (à dir.) acompanha a preservação da Mata Atlântica na região (Foto: Carlos Alciati Neto/G1)
De acordo com o coordenador do programa estadual, José Walter Figueiredo Silva, o tamanho da cidade e custos para participar do projeto não justificam o desempenho ruim na listagem. “O programa Verde e Azul não implica em custo, é vontade política. Claro, vez ou outra, é preciso investir em alguma medida para resolver um problema. Mas qualquer município pode tirar nota 80, basta ter vontade, envolvimento e discernimento”, ponderou o coordenador. Entre as cidades que lideram a lista estão a campeã Novo Horizonte e a terceira colocada Pederneiras, ambas com cerca de 40 mil habitantes.
De acordo com ele, a pasta organiza capacitações para os municípios todas as quartas em sedes regionais e também na capital. E para melhorar no ranking, cada cidade precisa se atentar para itens básicos como saneamento. “[A administração deve] olhar para o esgoto, para o lixo, para as árvores. Pedimos coisas simples, aqueles que se aprofundam, ficam entre os primeiros”, alertou.
Biólogas da Associação Ambiental Copaíba monitoram área reflorestada (à esq. em verde claro) (Foto: Carlos Alciati Neto/G1)Biólogas da Associação Ambiental Copaíba monitoram área reflorestada (à esq. em verde claro) (Foto: Carlos Alciati Neto/G1)
Biólogas da Associação Ambiental Copaíba monitoram área reflorestada (à esq. em verde claro) (Foto: Carlos Alciati Neto/G1)
Para Flávia Balderi, bióloga e secretária executiva da ONG Associação Ambientalista Copaíba, que atua na conservação e restauração da Mata Atlântica das bacias dos rios Peixe e Camanducaia, um pouco de empenho e trabalho pode tirar a cidade da rabeira do ranking. "É preciso levar a sério as questões ambientais, priorizar o meio ambiente, estruturar melhor a cidade para reverter a situação", disse a bióloga. A associação informou que está à disposição da prefeitura para ajudar com orientação e plantio de mudas adequadas para a área urbana.
Sobre o ar da cidade ter tido uma nota muito ruim, emsmo sendo cercada por área verde na parte rural, a bióloga atribuiu às constantes queimadas. "É necessário fazer ações preventivas, trabalhos de coscientização, leis para punir as queimadas criminosas e criar uma brigada de incêndio. Já seria um bom avanço para a cidade na questão da qualidade do ar", explica.
Cidade de Pedra Bela tem cerca de 6 mil habitantes, mas carece de boas ações para o Meio Ambiente, diz Secretaria (Foto: Carlos Alciati Neto/G1)Cidade de Pedra Bela tem cerca de 6 mil habitantes, mas carece de boas ações para o Meio Ambiente, diz Secretaria (Foto: Carlos Alciati Neto/G1)
Cidade de Pedra Bela tem cerca de 6 mil habitantes, mas carece de boas ações para o Meio Ambiente, diz Secretaria (Foto: Carlos Alciati Neto/G1)

Estação de Tratamento de Esgoto inexiste

O tratamento do esgoto é outro ponto fraco da cidade de Pedra Bela. De acordo com a presidente do Legislativo local, a vereadora Maria Jerusa Ferreira (PV), a cidade ainda não renovou o contrato com a Sabesp e a construção de uma estação de tratamento do esgoto ainda está no papel. “A prefeitura diz que é prioridade a assinatura de contrato e, com isso, a implantação de [uma estação de] tratamento de esgoto. A gente cobra o Executivo, mas também vê a realidade financeira da cidade, que não é das melhores”, pondera Jerusa.
No entanto, de acordo com o coordenador, a estação de tratamento interfere em 3 ou 4% da nota, ele pode ter feito outras coisas que reflitam na nota, prejudica e limita, não ao ponto de ficar entre as últimas.
Em contrapartida, na área rural, alguns produtores e fazendeiros aderiram ao programa da ONG Copaíba e reflorestaram cerca de dez hectares, ao todo, de mata nativa. É o caso de Fernando Palazzi, administrador da Fazenda Santa Márcia, que reflorestou oito hectares com cerca de 12 mil mudas de árvores plantadas. "Se cada produtor ouvir o que os pesquisadores têm a dizer, o trabalho não muda em nada e vamos preservar o Meio Ambiente", declarou.
Fernando Palazzi, administrador de uma das fazendas da área rural de Pedra Bela, que dá bom exemplo (Foto: Carlos Alciati Neto/G1)Fernando Palazzi, administrador de uma das fazendas da área rural de Pedra Bela, que dá bom exemplo (Foto: Carlos Alciati Neto/G1)
Fernando Palazzi, administrador de uma das fazendas da área rural de Pedra Bela, que dá bom exemplo (Foto: Carlos Alciati Neto/G1)

Outro lado

A prefeitura de Pedra Bela, por meio de nota, atribui a um erro de transição de informações com a administração anterior o fato de a cidade estar tão mal colocada. Alega também que, como o ranking avalia dados de outubro a outubro, não teve como melhorar a nota da cidade, mesmo ela tendo caído para zero nos últimos quatro meses de avaliação da Secretaria Estadual, corridos até outubro de 2017.
A prefeitura disse que já recebeu "o material necessário para a adesão e nomeação dos interlocutores para desenvolver o programa no município, atendendo integralmente os objetos do mesmo". Sobre o contrato com a Sabesp, a Administração informou que venceu em 2010, e que tenta formalizar o acordo para a construção da Estação de Tratamento de Esgoto "o mais breve possível".
A prefeitura de Estiva Gerbi, por meio da assessoria de imprensa, está ciente da má colocação e avisa que está tomando medidas para reverter o quadro. A administração alega que, sobre a arborização urbana, alguns moradores teriam feito cortes indevidos de árvores urbanas e que trabalha junto com o Legislativo para criar uma lei que obrigue o replantio em caso flagrante.
Sobre o tratamento de esgoto, admite que a estação ainda não foi concluída por causa do terreno adquirido, que possui minério no subsolo, o que inviabiliza a obra. Explica que a compra do local, por R$ 300 mil, foi feita pela administração passada.

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